A advogada Sabine Müller transita com facilidade no meio jurídico catarinense – em especial na Grande Florianópolis – e se destaca entre as valorosas advogadas catarinenses.
É pré-candidata ao Quinto Constitucional que escolhe o(a) novo(a) desembargador(a) de Santa Catarina.
Como você vê o papel da mulher em um mercado tradicional como o Direito?
Está evoluído expressivamente, mas ainda temos desafios como desigualdades de oportunidades e diferenças salariais. O direito foi uma profissão dominada por homens, notadamente em posições de liderança e destaque, mas estamos conquistando mais espaço como advogadas, magistradas, promotoras e cargos de gestão em escritórios e instituições de classe.
A presença feminina traz ponto de vista mais diversificado e empático na resolução de conflitos e no desenvolvimento de políticas públicas, além de desempenhar um papel essencial em transformar a cultura jurídica, impulsionando ambientes mais inclusivos e justos. Nossa presença em posições de destaque inspira futuras gerações e contribui para desconstruir a ideia de que o direito é um espaço tradicional e masculino.
Quais os maiores desafios que você enfrentou ao longo de sua carreira? E quais dicas para as novas profissionais?
Os maiores desafios na minha carreira de advogada foram no âmbito cultural e social e, entre estes, posso destacar que o preconceito de gênero e a subestimação da competência são os principais. Infelizmente precisamos nos esforçar mais para provar nossa capacidade em um mercado que privilegia homens, além de que a sociedade espera que revelemos uma conduta mais masculinizada para sermos levadas a sério, ou que sejamos mais femininas em certos casos, o que pode limitar nossa atuação.
Minha dica é ter equilíbrio entre o lado feminino e masculino, ter coragem de enfrentamento e persistência nos propósitos. Entendo que oferecer maior flexibilidade no trabalho e promover mulheres a posições de liderança, auxiliam a regularizar e presença da mulher nos mais altos níveis da profissão.
No Direito, assim como em todas as áreas, o networking é fundamental. Como você explora e aplica a conexão com pessoas no seu dia a dia? E quanto, em porcentagem, corresponde o sucesso de um(a) advogado(a)?
O networking é uma ferramenta essencial para o sucesso profissional do advogado porque auxilia a construir reputação, acessar novas oportunidades, amplificar a base de clientes e estabelecer parcerias estratégicas.
Eu exploro e aplico no dia a dia, participando da minha associação de classe que é a OAB, frequento e promovo eventos jurídicos, confraternizações e faço trabalho voluntário na nossa instituição. Participar de eventos é uma excelente forma de conhecer outros profissionais, trocar ideias e se manter atualizado. Também mantenho presença online com uso estratégico de plataformas como LinkedIn e Instagram.
Embora seja difícil determinar um percentual exato, estudos e análises do mercado jurídico sugerem que o networking pode corresponder a cerca de 60% do sucesso profissional.
Você é pré-candidata ao Quinto Constitucional, ou seja, poderá concorrer a vaga de desembargadora. Como está este processo e o que a levou a esta decisão?
O processo teve inicio com a comunicação do TJSC para a OABSC da abertura da vaga no Tribunal (21/Jan). Após, será publicado o edital na OABSC (março). A motivação para a decisão é porque preencho os requisitos legais que estão previstos na CF (art. 94). Tenho 20 anos de atuação efetiva e exercício na advocacia e representação na classe, com comprovação prática jurídica, além de destacado trabalho voluntário na OAB.
Se eu concorrer, pretendo contribuir para a representatividade da advocacia no TJSC, ter compromisso com a justiça e a sociedade. Acredito que o quinto constitucional é uma via fundamental para contrapesar visões no tribunal, permitindo que a advocacia esteja presente e traga a prática e o contato direto com a realidade da sociedade para o Poder Judiciário.
Quais os planos para o futuro?
Neste momento, estou na fase de análise das reais possibilidade de concorrer ao cargo, verificando com a família e com o grupo do escritório como se daria a transição da profissão para uma nova rotina de vida e trabalho.
O processo envolve etapas complexas e desgastantes e tudo precisa ser analisado e mapeado para alcançar o possível êxito. Sobre os planos para o futuro, se for factível, pretendo montar um projeto estratégico para concorrer ao cargo, com base na valorização da ética e da transparência.
Conduzo minha carreira com seriedade e na busca pela verdade, princípios que considero indispensáveis para a função de desembargadora. Posteriormente, pretendo trabalhar para fortalecer a confiança da advocacia e da sociedade no Poder Judiciário, além do progresso regional.
Fonte: SC Faz