*Por Renata Bottura
O modelo híbrido de trabalho não é apenas uma tendência passageira, mas uma transformação significativa na forma como empresas e profissionais encaram a rotina de trabalho. Nos últimos anos, experimentamos os extremos: o trabalho totalmente presencial, com longos deslocamentos e pouca flexibilidade, e o home office absoluto, que trouxe benefícios, mas também desafios de comunicação, cultura organizacional e bem-estar. Agora, encontramos no híbrido um equilíbrio entre produtividade, flexibilidade e qualidade de vida.
A adoção desse modelo impactou diretamente a produtividade dos trabalhadores. A flexibilidade permitiu maior bem-estar e saúde mental, eliminando a exaustão dos deslocamentos diários e possibilitando uma rotina mais equilibrada. No entanto, um dos grandes desafios para as empresas é garantir que a cultura organizacional se mantenha forte. Sem uma cultura bem definida, as companhias enfrentam dificuldades na retenção de talentos e no alinhamento estratégico. Ainda vemos gestores encarando o home office como um "benefício", e não como uma solução estratégica para negócios mais ágeis e produtivos.
No Brasil, o regime de trabalho segue dividido entre dois formatos praticamente empatados: enquanto 46,6% das empresas mantêm a rotina 100% presencial, outras 46,2% adotam o modelo híbrido. O home office, por sua vez, é realidade para apenas 7,3% dos entrevistados. É o que revela a 4ª edição da pesquisa O Cenário do RH no Brasil, conduzida pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH Brasil) em parceria com a Umanni, divulgada neste ano de 2025, com dados referentes a 2024.
Além disso, a Muvita Coworking realizou uma pesquisa na região do ABC paulista e constatou que, entre os adeptos do modelo híbrido (33,8%), a frequência presencial varia entre uma a três vezes por semana, com 60% deles decididos a manter esse formato neste ano. Esses dados reforçam como o híbrido está se consolidando e exigindo que empresas e profissionais se adaptem a essa realidade.
Nesse cenário, os coworkings emergem como aliados fundamentais. Para os trabalhadores que não se adaptam ao home office, mas que residem longe do escritório, esses espaços oferecem infraestrutura completa, conectividade, café e, principalmente, um ambiente de networking que estimula a criatividade e o engajamento. Empresas que entendem essa necessidade e incentivam o uso de coworkings próximos às residências de seus colaboradores tendem a melhorar a satisfação e retenção da equipe.
Além disso, para as empresas que estão adotando o modelo híbrido, o coworking se apresenta como uma solução estratégica para garantir um ambiente adaptado às suas necessidades, sem o ônus de administrar um espaço próprio. Com estruturas flexíveis, serviços compartilhados e custos otimizados, os coworkings oferecem desde escritórios privativos até salas de reunião e áreas colaborativas, permitindo que as empresas tenham um ponto de apoio funcional e bem estruturado para seus times.
Para se destacar nesse novo modelo de trabalho, os profissionais precisam desenvolver habilidades essenciais como gestão de tempo e comunicação eficaz. As empresas, por sua vez, devem aprender a equilibrar flexibilidade e controle, adotando uma gestão baseada em produtividade e entregas, e não apenas em presença física.
Os impactos do trabalho híbrido vão além do ambiente corporativo. Grandes cidades já sentem mudanças no trânsito e no transporte público, enquanto bairros antes periféricos agora veem um crescimento na demanda por cafés, restaurantes e espaços de trabalho compartilhados. O mercado imobiliário corporativo também precisa se adaptar a essa nova realidade, repensando a ocupação dos escritórios e investindo em estruturas mais flexíveis.
O futuro do trabalho ainda reserva muitas mudanças, mas é certo que modelos rígidos, sejam 100% presenciais ou 100% remotos, não atendem mais às necessidades de empresas que valorizam produtividade e qualidade de vida. O híbrido veio para ficar – e os coworkings são peças-chave nessa revolução.
*Renata Bottura é cofundadora da Muvita Coworking e especialista em ambientes de trabalho flexíveis.